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foto:Reprodução |
O governo dos Estados Unidos anunciou
uma tarifa adicional de 40% sobre quase todos os produtos exportados pelo
Brasil. A medida, formalizada por ordem executiva, tem efeito imediato e
abrange praticamente toda a pauta exportadora brasileira, com algumas exceções.
O impacto é especialmente severo para dois setores com forte alinhamento
político ao ex-presidente Jair Bolsonaro: o agronegócio e a indústria de
defesa. Ambos ficaram de fora das 566 posições tarifárias isentas descritas no
Anexo I do documento da Casa Branca, que reúne produtos considerados de
interesse estratégico para a economia e segurança nacional dos EUA.
As isenções
contemplam apenas matérias-primas e insumos específicos, como determinados
minérios, polpa de madeira, combustíveis, fertilizantes, castanha-do-Brasil,
metais preciosos e peças de aeronaves civis. Esses itens têm peso estratégico
para a indústria americana ou baixa concorrência doméstica. Fora desse grupo,
praticamente todos os produtos industrializados, bens de consumo e insumos de
alto valor agregado foram incluídos na lista tarifada.
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No agronegócio, o
impacto é direto e significativo. Soja, carnes, açúcar, café, etanol e sucos
concentrados, todos ausentes da lista de isenções, passam a pagar tarifas mais
altas, aumentando o preço final para o importador americano e reduzindo a
competitividade brasileira. A medida, na prática, privilegia produtores rurais
americanos ao encarecer produtos brasileiros, fortalecendo a competitividade
interna dos EUA e reduzindo a presença do Brasil no mercado. Além disso,
contratos de fornecimento de longo prazo podem ser reavaliados, levando a
ajustes ou cancelamentos.
Para empresas
de carnes, tarifaço causa perda bilionária.
A Abiec
(Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que representa
empresas como a JBS e a Marfrig, estima perdas na ordem de US$ 1 bilhão. O
prejuízo para o setor cafeeiro seria de US$ 481 milhões, segundo previsão da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Na indústria
de defesa, o efeito também é expressivo. Armas, munições, explosivos e
aeronaves militares entram integralmente na sobretaxa, deixando isentas apenas
aeronaves e peças de uso civil. Empresas brasileiras do setor, que já enfrentam
competição acirrada, podem perder espaço no mercado americano, ver margens de
lucro comprimidas e ter dificuldades para manter ou conquistar contratos
estratégicos.
Por causa do tarifaço, Salesio Nuhs,
presidente da Taurus, maior fabricante de armas de fogo do Brasil, anunciou que
cogita transferir suas operações para os Estados Unidos.
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O aspecto
político dessa sobretarifa é relevante. O agronegócio, beneficiado por
políticas ambientais mais flexíveis e estímulos à exportação durante o governo
Bolsonaro, e a indústria de defesa, favorecida por afrouxamento nas regras de
controle de armas, foram alvos indiretos de uma barreira comercial
significativa. O tarifaço impõe custos adicionais justamente a setores que
estiveram entre os mais ativos na base de apoio bolsonarista.
Para o Brasil,
o desafio é duplo: negociar com Washington a inclusão de mais produtos na lista
de isenções e, ao mesmo tempo, buscar novos mercados para reduzir a dependência
das exportações para os EUA.
Fonte: ICL
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