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quinta-feira, 31 de julho de 2025

Agro e armas: setores que apoiaram bolsonarismo estão mantidos na lista do tarifaço

 

foto:Reprodução

O governo dos Estados Unidos anunciou uma tarifa adicional de 40% sobre quase todos os produtos exportados pelo Brasil. A medida, formalizada por ordem executiva, tem efeito imediato e abrange praticamente toda a pauta exportadora brasileira, com algumas exceções. O impacto é especialmente severo para dois setores com forte alinhamento político ao ex-presidente Jair Bolsonaro: o agronegócio e a indústria de defesa. Ambos ficaram de fora das 566 posições tarifárias isentas descritas no Anexo I do documento da Casa Branca, que reúne produtos considerados de interesse estratégico para a economia e segurança nacional dos EUA.

As isenções contemplam apenas matérias-primas e insumos específicos, como determinados minérios, polpa de madeira, combustíveis, fertilizantes, castanha-do-Brasil, metais preciosos e peças de aeronaves civis. Esses itens têm peso estratégico para a indústria americana ou baixa concorrência doméstica. Fora desse grupo, praticamente todos os produtos industrializados, bens de consumo e insumos de alto valor agregado foram incluídos na lista tarifada.

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No agronegócio, o impacto é direto e significativo. Soja, carnes, açúcar, café, etanol e sucos concentrados, todos ausentes da lista de isenções, passam a pagar tarifas mais altas, aumentando o preço final para o importador americano e reduzindo a competitividade brasileira. A medida, na prática, privilegia produtores rurais americanos ao encarecer produtos brasileiros, fortalecendo a competitividade interna dos EUA e reduzindo a presença do Brasil no mercado. Além disso, contratos de fornecimento de longo prazo podem ser reavaliados, levando a ajustes ou cancelamentos.

Para empresas de carnes, tarifaço causa perda bilionária.


A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que representa empresas como a JBS e a Marfrig, estima perdas na ordem de US$ 1 bilhão. O prejuízo para o setor cafeeiro seria de US$ 481 milhões, segundo previsão da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Na indústria de defesa, o efeito também é expressivo. Armas, munições, explosivos e aeronaves militares entram integralmente na sobretaxa, deixando isentas apenas aeronaves e peças de uso civil. Empresas brasileiras do setor, que já enfrentam competição acirrada, podem perder espaço no mercado americano, ver margens de lucro comprimidas e ter dificuldades para manter ou conquistar contratos estratégicos.

Por causa do tarifaço, Salesio Nuhs, presidente da Taurus, maior fabricante de armas de fogo do Brasil, anunciou que cogita transferir suas operações para os Estados Unidos.

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O aspecto político dessa sobretarifa é relevante. O agronegócio, beneficiado por políticas ambientais mais flexíveis e estímulos à exportação durante o governo Bolsonaro, e a indústria de defesa, favorecida por afrouxamento nas regras de controle de armas, foram alvos indiretos de uma barreira comercial significativa. O tarifaço impõe custos adicionais justamente a setores que estiveram entre os mais ativos na base de apoio bolsonarista.

Para o Brasil, o desafio é duplo: negociar com Washington a inclusão de mais produtos na lista de isenções e, ao mesmo tempo, buscar novos mercados para reduzir a dependência das exportações para os EUA.


Fonte: ICL

 

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