![]() |
foto/Reprodução |
Incomodado com a campanha promovida pelo PT nas redes
sociais defendendo a taxação dos chamados super-ricos para financiar a isenção
do Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5 mil, o senador Rogério Marinho (PL),
pré-candidato ao Governo do RN, acusou o partido de usar uma “estratégia do
ódio” para “dividir o país em dois”. Nas mensagens publicadas no X, antigo
Twitter, ele reproduziu o discurso que vem sendo repetido pela extrema-direita
bolsonarista na tentativa de reagir à ofensiva da esquerda para conquistar
apoio popular ao projeto de “justiça tributária” do presidente Lula.
A mais recente disputa
política começou quando o Congresso Nacional derrubou o decreto presidencial
que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) sobre operações
financeiras de alto valor, como depósitos em previdência privada acima de R$
600 mil.
Apesar de amargar uma
derrota acachapante, o governo federal decidiu dobrar a aposta ao defender que
o seleto grupo do 0,1% mais rico do país, formado por cerca de 140 mil pessoas,
pague mais para “equilibrar o sistema”.
A agenda da justiça tributária unificou o governo, a base petista
e a militância de progressista nas redes sociais. O vídeo do PT defendendo a
“Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, produzido com inteligência
artificial, viralizou na última semana, provocando reações raivosas na oposição,
no centrão e em parcelas da grande mídia.
Para aliados do governo, o
argumento de que a proposta “divide o país” em um “nós contra eles” é apenas um
pretexto usado para defender a manutenção dos privilégios para os mais ricos,
que historicamente pagam menos impostos no Brasil.
O PT afirma
que o governo Lula “deu início a uma virada histórica na cobrança de impostos
no Brasil” com o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$
5 mil e de redução da cobrança para quem ganha entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
“Para manter as contas equilibradas, o governo vai passar a taxar
quem sempre pagou pouco ou quase nada: os super-ricos”, diz a peça produzida
pelo partido, que despertou a fúria do senador Rogério Marinho – uma das
principais vozes do bolsonarismo no Congresso Nacional.
Discurso de Rogério protege privilegiados
“Pobres contra ricos, pretos contra brancos, patrões contra
trabalhadores. Esse é um filme ruim que estamos assistindo de novo e já sabemos
o final: quem perde é o Brasil”, escreveu o senador em mensagem no X.
A crítica do líder da oposição no Senado Federal, no entanto,
ignora a desigualdade histórica do sistema tributário brasileiro, onde os mais
pobres pagam proporcionalmente mais impostos do que aqueles que estão no ponto
mais alto da pirâmide social.
Em vez de discutir a justiça fiscal, o senador recorre a um
discurso que, na prática, protege privilégios de uma minoria.
Rogério
Marinho: o “anti-povo”
Essa, porém, não é a primeira vez que ele assume uma postura
contrária aos interesses da classe trabalhadora.
- PUBLICIDADE -
Em 2017, como relator da reforma trabalhista no governo do
ex-presidente Michel Temer (MDB), Rogério Marinho foi um dos responsáveis por
retirar direitos históricos da classe operária brasileira, o que lhe rendeu o
apelido de “carrasco dos trabalhadores”.
Dois anos depois, já no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL), ele coordenou a Reforma da Previdência, que elevou a idade mínima para
aposentadoria e reduziu benefícios, atingindo principalmente os mais pobres.
Mais recentemente, no início de janeiro de 2025, o senador
classificou a política de valorização do salário mínimo, criada pelo presidente
Lula, como uma medida “populista e irresponsável” que “impacta negativamente na
economia”.
“[A política] impacta fortemente nas contas públicas, porque
pressiona Previdência e BPC [Benefício de Prestação Continuada]”, afirmou o
parlamentar, à época, em entrevista à CNN Brasil.
Agora, ao se opor à taxação dos super-ricos, Rogério Marinho
mantém sua coerência ao defender uma agenda que prioriza interesses econômicos
de grupos minoritários em detrimento da maioria da população brasileira.
Rogério
votou a favor de aumento do número de deputados federais
Ele comprovou isso ao votar, recentemente, a favor do aumento do
número de deputados federais de 513 para 531 – uma medida que custará R$ 65
milhões anuais aos cofres públicos.
Ao mesmo tempo em que reprova políticas de distribuição de renda,
o senador defende sem nenhum pudor a elevação de gastos milionários com cargos
políticos.
A resistência de Rogério Marinho à taxação de super-ricos reflete
um conflito maior: a elite política e econômica brasileira historicamente se
beneficia de um sistema que concentra renda e perpetua desigualdades.
O discurso do senador
ilustra não só seu posicionamento político, mas uma visão de mundo
representativa de um projeto alinhado com os interesses da elite econômica
nacional, ao mesmo tempo em que rejeita qualquer ideia que priorize a justiça
social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário